terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Heart-shaped box


Heart shaped box - Nirvana




(...) Ao som da música Heart-shaped box, viajo literalmente num estado metamorfoseado de dor fingida, e, com o calor da chuva doce intercalo uma vontade irreversível de querer dormir. Tenho sempre a mania de que entendo as dores todas, como se um pouco de imaginação pudesse mostrar do que a vida é capaz. (...)

Quero partir num barco e de noite, a respirar as estrelas que construíste para mim naquela noite em que vimos deus por entre as vitrinas do sexo; recordo-me do cheiro a relva húmida e o calor incessante daquela escuridão de verão misturado com o sabor intenso dos nossos corpos orgânicos que se desfazem quando mortos.…a remar a minha própria morte e a sentir o vento fresco e cortante vindo espaço, óh barco, doce barco leva-me para lá do horizonte!
(...)
Atingindo a diagonal do horizonte incerto, encontro-me na saída do mundo, no recto da vida e no seio da morte e pela primeira vez fiz parágrafo, uma longa pausa, uma longa pausa repleta de silêncio, cheia de tudo e de coisa nenhuma…

2 comentários:

qel disse...

«Tenho sempre a mania de que entendo as dores todas, como se um pouco de imaginação pudesse mostrar do que a vida é capaz. (...)».
Gostei muito desta parte, da sinceridade patente e da maneira subtil como tentas definir a forma como 'a tua dor dói'.

«Atingindo a diagonal do horizonte incerto, encontro-me na saída do mundo, no recto da vida e no seio da morte (...)»
Julgo não ter conseguido decifrar as entrelinhas mas isso fez-me gostar ainda mais deste excerto.
Gostei muito!
Um beijinho *

Ana Moreira disse...

Um ÓPTIMO texto. Muito, muito bom mesmo! O que mais gostei de ler neste blog até hoje :)

beijinho