segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009









(...) Tirando todas as brigas que tinhas com a mãe, uma vez que acabas por as aniquilar com o teu amor puro que me davas como forma de arrependimento por todas as tuas carências nervosas fruto da tua juventude problemática, éramos felizes.

Desafio:
- Dizer 9 coisas aleatórias a meu respeito, não importando a relevância, tendo de ter 6 verdades e 3 mentiras. Quem receber o Meme, deverá postar as 3 coisas que acha serem as mentiras do blogueiro que lhe passou o Meme.


- Fui à Disneyland.
- Tenho um revólver em casa, na mesinha de cabeceira.
- Estou a pensar em mudar de sexo
- Adoro pringles.
- Amo nirvana.
- Amo ler.
- Amo música.
- Não sou filha única.
- Sou espiritual mas não religiosa.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

In utero


Os dentes estão quentes. Agora, arrefecidos pelo vento que vai entrando na boca como um intruso e nos enche o interior de nada e o pensamento de muito, despejaram o chá que há muito se despegou. Que sabor grotesco a limão, e, no momento a seguir lembrei-me exactamente do revólver, daquele que há uns tempos desejava tê-lo em cima da secretária encostada à janela que dava para o mar. Lembrei-me de como era inocente a minha tristeza e voltei a sentir o meu voto de castidade nos seus tempos de feto. Era virgem. Completamente. Era o mundo no seu primeiro dia. Primeiro fez-se o dia. E depois veio a noite. Foi assim que tudo começou, foi assim que nos tornámos a memória viva do planeta.
A dor enfiou-se numa caixa em forma de coração. Está lá engavetada. Sempre que me tocam, sempre que ousam remexer-lhe no sexo, a dor atravessa-me como um rastilho de pólvora. Tem piada é que só tu o sabes fazer. Só tu me pões desta maneira. Na realidade, sempre quis um revólver não para acabar comigo, mas contigo. Gostava de te acorrentar dentro de casa, bem longe do teu vício, e pedir-te, com clemência que me amasses. Afinal, sou tua filha. Sou o resultado de um mero momento de prazer numa noite de primavera. E há quem diga que seja proibido terminar com a vida nessa estação do ano...


"This is the end

Beautiful friend

This is the end

My only friend, the end"



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009


Todas as personagens da minha peça de teatro morreram contigo. Isto, nem mais, nem menos, porque não me imagino sem ti; não há nenhum fragmento de segundo que te deseje menos do que o que desejo agora. Gostava de tactear-te o corpo mas a vida pregou-me mais que uma simples cegueira, ela levou-me, também, ao desespero efémero de quem ama e não toca.
Guardo os possíveis segredos que se podem libertar do meu saco, na mão, bem presos com pintas de luz que atravessam os buracos entre os dedos. Prometo-me não arriscar sequer contar a alguém como é enorme o diário da tua ausência, da nossa, quero eu dizer. Não quero que ninguém tenha pena de nós. Basta a nossa.
Remexo no saco, dou voltas como se estivesse num programa rígido qualquer de uma máquina de lavar roupa, acabo sempre por perder o telemóvel, e, há dias em que penso que o faço conscientemente…como se fosse uma forma de me testar, de testar quanto tempo respiro sem um sinal teu.
Afinal, tanto eu como tu, sabemos que esse tempo não é muito, mas somos mais do que um relógio ocidental, somos o presente, o presente no seu grau maior de perfeição temporal.
Deixa morrer. Faz-te bem. Mata os outros e liberta-me. Obrigada.