quinta-feira, 10 de julho de 2008

Não sei por quanto mais tempo consegue o meu organismo aguentar, de todas as forças que tenho gastei as psicológicas até ao mais ínfimo grão de energia, e agora, como eu gostaria de segurar a dor física do nervosismo que se acumula nos bunkers das traves sanguíneas que escorrem com o movimento circular do tempo, não me resta qualquer felicidade platónica que me sustente como uma corda com dois lados, que se arrasta com a força humana para um e para outro, vai rebentar, ela vai rebentar …Mas eu não sei, não sei quando tudo isto irá parar, não me resta qualquer esperança do troco que deixaste, nem qualquer ânimo, já nenhum Deus aguenta as minhas preces, como se eu as aguentasse! … Tentei ofuscar o meu olhar quando subi alguns graus a cabeça para me deparar com o esplendor que me sustentava, mas o pescoço estava enferrujado e a cabeça mais pesada que bigornas, ceguei-me de tanta beleza que me agoniei e dentro da minha boca junto do meu hálito pútrido a vontade de sumir, nasceu a azia doce e inocente, como se algo nascesse por prazer, mas não nasce, porque ninguém pede para vir ver de cá de baixo tudo isto, e pensar que poderia ter ficado no leito das nuvens para sempre a saborear a dor que me livrei de sentir, não sentia de qualquer forma, não havia prazer mas também não havia pingo de dor, de angústia, de saudade, antes não sentir! ... e pensar isso, revolta, não ajuda.
De qualquer das formas sempre fui muito fraca, e foi por isso que a vida decidiu testar-me a todo o segundo, para fortificar-me…mas para quê? Para um dia despedir-me do mundo sem ter tempo para dizer adeus, a menos que a medicina me informe que tenho um mês de vida, ou até menos, a menos que consiga viver tantas e quantas vidas precisarei para me conseguir despedir de tudo, porque até a dor deixa saudade aos que sentem, sempre que a dor aumenta, a diminuta deixa ansiedade que algum dia volte, porque dessa já estamos imunes, como se a dor também não morresse …
Inutilidades descreve o que escrevo, de uma forma fugaz e egoísta tudo o que escrevo serve para meu próprio consolo, e se nem eu, que cuido de mim todos os dias, consigo satisfazer-me mais ninguém ousará dizer-me que me ama, e que o pode fazer, porque eu…eu nunca soube o que quis. Tenho uma pancada forte num sítio obscuro do cérebro que teima em obstruir-me passagens de novelas maravilhosas na linha do tempo que se desfigura na minha mão.
Esquecer.

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