segunda-feira, 23 de junho de 2008

Rompe-se o orgasmo em uníssono dos lençóis mergulhados no suor de dois corpos manuseados pelo sentimento; as linhas e as formas fazem da palavra o silêncio que preenche cada poro dos intervenientes, os mortais, bem arranjados por sinal na sua convivência austera e fútil desenham apressadamente os seus destinos, como se a mão fosse o prazer e a dor misturados numa bebida vermelha cor de mel, e não seria a cor certamente, seria o sabor, seria o nada onde os sentidos se misturam pelo clímax das vidas em jogo.
Para eles, seria a morte, também, o mesmo apogeu daquela larga noite para sempre eterna no coração do mundo, no coração da madeira talhada da cama, nos lençóis suados e ressoados de toda aquela azáfama de corpos. Enquanto Deus lhes aguardava um pouco mais acima, conseguiam os cegos olhos visualizarem a divina imagem sobre o pecaminoso acto, jamais seria impensável que um ser humano desejasse outro fim.
A viagem chegava ao fim, não havia entusiasmo para continuar, avistava-se ao longe o porto de chegada, uma paragem coberta de cidades, de pessoas…de vida. E para o mortal qualquer tipo de vida é um medo, não foi para isso que foi predestinado.
E pior do que o silêncio audível é aquele que não se ouve por de trás do corpo, o silêncio solitário incurável de uma vida de penúria, a monotonia das palavras mal pronunciadas, das que saem por prazer e das que não deviam sair, das incontroláveis e das chaves de ouro, das falácias e das mentiras, das perversas às inocentes, das que se conseguem dizer e do que jamais poderá ser dito. E há tantas coisas que eu queria dizer-te, mas não sei como.
Queria escrever em pedaços de papel velho, aquilo que penso sem pensar…palavras rotas, quebradas, memórias distorcidas, lugares sem coordenadas, sonhos pesados, pesados demais, o cinzento de todos os dias, por mais que o Sol brilhe, cada dia, será sempre um dia a mais e toda esta viagem que parece não ter mais fim, sem qualquer orgulho na estadia, e o preço elevado da conta abarrotada de furos que o meu corpo paga a cada segundo, o apreço das responsabilidades que me acompanham à mesa, o descanso da nossa cama que nos abraça no leito que nos tem como uma criança desmedida, onde as lágrimas já não são fúteis e os sentimentos afiados como facas que cortam a carne do animal que nos sacia um dever físico incontornável; o céu coberto por uma noite estrelada que nos tenta desvendar o quão grande somos pela alma que temos, pelo espírito selvagem de uma liberdade singela da natureza virgem; a inocência no seu mais puro toque, com pitadas de sal do mar salgado. A beleza incessante do mundo em conflito com a crueldade da vida. O choque de gerações importunadas pelo peso das consciências marcadas pelo passado faz da esperança uma fonte esgotável e da morte um destino cada vez mais apetecível, uma grande e suculenta maça vermelha pendurada no cimo mais alto da árvore robusta chamada vida.
E alguém lá no fundo disse “Amor e empatia” e a escuridão opaca da esfera giratória cobriu-se de luz num descampado virgem.

1 comentário:

Anónimo disse...

Minha melhor amiga de Céus infinitos e Mundos inteiros. Quem me dera escrever como tu. Olha para o meu blog, tao abandonado :( Que merda já nao sei escrever, nao me sai absolutamente nada :(
merda.